Compulsão por jogos (vício ou transtorno) de azar e apostas diz respeito a um conjunto de comportamentos de dependência da pessoa que passa por questões psicológicas, sociais e neurológicas de adaptação.
Como outros transtornos de comportamento descritos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o vício evolui em frequência e em intensidade, geralmente com a pessoa gastando mais tempo nesta atividade e gastando mais dinheiro do que deveria.
Isso gera diversos prejuízos que passam pelo nível pessoal, familiar e financeiro, gerando dificuldades na realização de outras atividades e tarefas que antes eram importantes. Comportamentos compulsivos como a dependência por jogos de azar surgem como forma de alterar ou regular estados emocionais de desconforto.
Porém, quando o comportamento é imediatamente retirado (compulsão por jogos), jogadores compulsivos podem sentir sintomas de abstinência comportamental: ansiedade, irritação, pensar sobre realizar a atividade novamente e assim por diante.
Ou seja, trata-se de um problema que na pessoa compulsiva pode escalar para um transtorno psiquiátrico em que a intervenção profissional de psiquiatras e psicólogos seja necessária. Sendo assim, os sinais que podem indicar a presença de uma psicopatologia por jogos de azar em algumas pessoas são:
Atualmente, as compulsões por jogos podem também ser online e envolver outros tipos de jogos que não sejam só de apostas, como videogames e celulares.
Os comportamentos compulsivos exigem uma repetição frequente e uma espécie de ritual que, se não cumpridos, levam à elaboração de pensamentos obsessivos, isto é, pensamentos de natureza intrusiva, indesejada. O não cumprimento da compulsão pode levar a ter uma forte sensação de desconforto.
Tais comportamentos costumam ser adquiridos com o tempo e ganham intensidade conforme as pessoas compulsivas aprendem a realizá-lo como forma de obter mais prazer. Além disso, o aprendizado do comportamento leva a uma descarga de dopamina que gera, nas primeiras repetições, uma sensação aumentada de alívio. A isso se dá o nome de super-aprendizado.
Quando o comportamento se torna compulsivo, com o tempo ele não gera a mesma satisfação que gerava no início, mas ainda assim é contínua a sua realização, indicando um traço patológico que leva ao reforço do sentimento de culpa. O comportamento compulsivo é, portanto, uma prática que leva a uma instabilidade da vida no geral e do bem-estar individual.
Os transtornos compulsivos podem estar associados a diagnósticos de Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) e ansiedade, e vinculados também a transtornos de personalidade, esquizofrenia, dentre outras comorbidades.
Vale dizer também que aspectos sociais e culturais também são importantes para a compreensão e para a manutenção de um comportamento de dependência. Em sociedades em que a legislação sobre os jogos é mais permissiva, as chances de desenvolver um problema com jogos de azar e apostas são maiores do que em sociedades em que a atividade é regulamentada com mais intensidade.
Quando os rituais compulsivos não são realizados, há a possibilidade de que sintomas de ansiedade surjam: receio pelo que está por vir, respostas físicas como sudorese, aumento de batimento cardíaco, e assim por diante. Em casos extremos, a compulsão está vinculada a uma crença na qual o sujeito pode ser perseguido caso não realize o ritual.
A compulsividade, em suas diversas formas, tem explicações neurobiológicas e comportamentais. Em casos cujos sintomas são extremos, nos quais prevalece o descontrole agudo do sujeito frente ao comportamento, o uso de fármacos auxilia no tratamento.
Em casos moderados, nos quais o sujeito percebe como o comportamento orbita de forma negativa na sua vida, as práticas terapêuticas, tanto em grupo como individual, auxiliam na autopercepção a respeito das ações compulsivas. A terapia online, com a difusão da tecnologia, também pode fazer com que a pessoa se engaje mais no tratamento.
Ainda que haja muito a se conhecer a respeito dos mecanismos de funcionamento das compulsões, a literatura científica investe na ideia de que se trata de um transtorno multifatorial, em que fatores ambientais, culturais e genéticos agem simultaneamente.
De um ponto de vista cultural, a sociedade estimula comportamentos e práticas que muitas vezes intensificam a compulsividade, a exemplo da cultura de compras e das rotinas de trabalho excessivas.
Já do ponto de vista genético e neurobiológico, a descarga de dopamina no sistema de recompensa varia de pessoa para pessoa e pode acentuar um comportamento compulsivo. Quando a pessoa reforça o comportamento de jogar, ela faz uma associação de aumento de prazer e redução de sofrimento que a longo prazo gera prejuízos emocionais e comportamentais.
A longo prazo isso gera o desenvolvimento de um vício, que se trata da junção de traços de tolerância e dependência. Na tolerância a pessoa precisa apostar cada vez mais ou com mais intensidade para gerar o mesmo prazer que tinha no começo, e a dependência se explica pela dificuldade em retirar esta atividade do cotidiano da pessoa.
A terapia cognitivo-comportamental é frequentemente utilizada para tratar as compulsões e vícios e os pensamentos obsessivos. Nesse caso, compulsão por jogos.
A técnica de prevenção por meio de exposição e resposta, de acordo com estudos, é altamente eficaz no tratamento de compulsões, isso porque articula conceitos como habituação ao problema, aprendizados inibitórios a respeito das compulsões, aumento da tolerância de afetos negativos e mudança de crenças a respeito dos atos compulsivos e dos pensamentos impulsivos.
Também a prática da meditação guiada e foco no momento presente pode ajudar em casos de ansiedade. Os pensamentos disfuncionais relacionados ao jogo (compulsão por jogos) perdem força quando há uma reflexão racional a respeito do que a pessoa está sentindo no momento e em quais instantes e situações ela se vê mais suscetível a jogar.
Por mais que as compulsões possam se expressar de diferentes formas, os grupos terapêuticos também são ferramentas poderosas de compartilhamento de vivências e dores de pessoas que sofrem com esse transtorno, permitindo a identificação do problema e a abertura de um canal de possíveis conexões por meio da troca.
A partir do momento em que os comportamentos compulsivos e os pensamentos obsessivos começam a interferir negativamente na qualidade de vida do sujeito e de pessoas próximas, é importante consultar um profissional de saúde, a fim de sondar a necessidade de iniciar um tratamento terapêutico.
As práticas de tratamento, portanto, são variadas e possuem eficácia aumentada quando incorporadas de forma conjunta. Falar sobre é fundamental quando se percebe que algum comportamento está desajustado.
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