Esquizofrenia: o que é, sintomas, causas, tipos e tratamento

Esquizofrenia é uma doença psiquiátrica que se define principalmente por um conjunto de sinais e sintomas de alucinações e delírios, acompanhada de outros sintomas como descolamento da realidade, pensamento desorganizado, paranóia e embotamento afetivo, isto é, um fechamento emocional e uma dificuldade de falar dos próprios sentimentos.

Em termos etimológicos, a palavra significa “divisão da mente”, pois na pessoa com esquizofrenia ocorre uma perda do conteúdo racional e um ganho no aparecimento de conteúdos comportamentais e de pensamentos carentes de lógica e de difícil explicação para outras pessoas que observam de fora.

A causa da esquizofrenia, levando em conta suas origens e desenvolvimento, ainda não são totalmente explicados, sendo material de amplo debate médico e psicológico.

Por essa razão, a esquizofrenia é qualificada como um transtorno multifatorial, tendo influência de diversos aspectos, desde fatores genéticos a interações ambientais significativas, como uso de substâncias ou vivências desorganizadoras. Estresse e experiências traumáticas também podem impulsionar o desenvolvimento do quadro.

Em geral, os sintomas da esquizofrenia costumam ser divididos entre positivos, como as alucinações, e sintomas negativos, como o embotamento afetivo. Tal divisão em positivo e negativo diz respeito à expressividade das funções. Quando a expressividade do sujeito frente aos estímulos é menor, caracteriza-se como um sintoma negativo. Já quando a expressividade dos sintomas é acentuada, caracteriza-se como um sintoma positivo.

A manifestação dos sintomas também costuma variar de portador a portador, bem como a intensidade e a expressividade de cada sintoma. Trata-se, portanto, de um quadro complexo que envolve a necessidade de articulação entre diferentes linhas de acompanhamento, de forma que o sujeito portador adquira bem-estar e diminua o sofrimento oriundo dos sintomas.

A passagem por um médico psiquiatra é fundamental, pois assim a pessoa pode obter o direcionamento adequado de acompanhamento do quadro.

Sintomas

Em termos conceituais, é importante enfatizar que as alucinações são um conjunto de alterações sensoriais, ou seja, a pessoa pode ouvir e ver coisas que não estão presentes. Ouvir vozes que dialogam com a pessoa, a qual é uma queixa frequente no quadro da doença, é um exemplo de situação comum que envolve um quadro alucinatório.

Além disso, ela também pode sentir como se estivesse sendo tocada, embora este tipo de sintoma seja mais raro.

Os delírios, por sua vez, são crenças ou ideias irredutíveis à lógica, que não são compartilhadas por outras pessoas como familiares ou médicos. Comumente, o delírio pode ser de dois tipos:

  • Grandeza: quando a pessoa acha que possui alguma habilidade extraordinária, possui algum cargo muito importante ou é uma personalidade relevante.
  • Perseguição: a pessoa acha que está sendo perseguida por agentes ou figuras que querem restringir sua liberdade.

A paranóia, outro conceito que acompanha o quadro, diz respeito à sensação e a certeza de que a pessoa está sendo perseguida, observada ou ameaçada por outras pessoas, mesmo que não haja respaldo lógico para essa crença. Geralmente, a paranoia ocorre dentro de um quadro de delírio.

Ao longo do tempo, caso não haja um acompanhamento adequado do quadro, é comum que a pessoa vivencie perdas cognitivas consideráveis, afetando memória, vontade, emoção, fala, funções motoras e assim por diante. A catatonia, comportamento motor em que a pessoa tende a ficar imóvel ou agir de forma anormal, tende a ser presente no desenvolvimento da doença.

É também comum a ocorrência de flutuações no humor, existindo períodos de mania e períodos depressivos com embotamento afetivo. Em paralelo, a pessoa tende a ficar cada vez mais em isolamento social, havendo perdas em campos distintos como: trabalho, amizades, família e assim por diante.

Por outro lado, caso haja um devido acompanhamento multidisciplinar, a diminuição e a remissão dos sintomas permitem que a pessoa desempenhe funções sociais e adquira a possibilidade de retomar uma vida com bem-estar.

Desenvolvimento do transtorno e tratamentos da esquizofrenia

A manifestação do transtorno varia entre homens e mulheres, sendo que a prevalência em homens costuma ser ligeiramente maior. Além disso, os primeiros sinais de instalação da doença ocorrem por volta do fim da adolescência e início da idade adulta, geralmente com sintomas mais sutis que, se não forem devidamente diagnosticados, tendem a evoluir em complexidade.

Já na vida adulta, os sintomas tendem a se fixar e se expressar de formas variadas de pessoa para pessoa, com variações narrativas dos delírios e alucinações. As pessoas com esquizofrenia podem em última instância, caso não haja um devido acompanhamento, colocar a própria vida em risco.

Atualmente, sabe-se que aspectos genéticos associados a uma determinada interação ambiental podem atuar como fator de risco na acomodação do quadro. O uso de drogas como maconha, por exemplo, por indivíduos com predisposição genética para a esquizofrenia podem levar ao desenvolvimento da doença.

O quadro, em termos neurológicos, está associado a uma presença excessiva do neurotransmissor dopamina em diferentes vias cerebrais. Por essa razão, as principais estratégias adotadas para auxiliar no tratamento da esquizofrenia envolvem a via medicamentosa, sendo que o diagnóstico é feito por um médico psiquiatra.

Os medicamentos antipsicóticos de segunda geração auxiliam no controle do disparo de dopamina com a consequente redução dos sintomas positivos de delírio e alucinação. Além disso, tais medicações proporcionam menos efeitos colaterais do que medicamentos anteriores de primeira geração, como tremores.

Outras frentes de trabalho também são ótimas ferramentas no acompanhamento do quadro. O suporte psicológico auxilia no desenvolvimento de habilidades, na elaboração das vivências da pessoa portadora e na redução de comportamentos de risco, como a decisão de interromper o uso das medicações, que às vezes levam a recaídas com o retorno dos sintomas.

As terapias cognitivo-comportamentais podem auxiliar na elaboração de estratégias para favorecer um estilo de vida que leve em conta as demandas da esquizofrenia, mas também as possibilidades criativas de cada pessoa portadora.

A terapia ocupacional, por sua vez, por meio do oferecimento de atividades lúdicas, como artes plásticas e música, e com o auxílio ao paciente em tarefas cotidianas ajudam a lidar com dificuldades iniciais em diversas experiências.

Por último, a família ou membros externos também são fundamentais na compreensão do quadro. Entender a dinâmica da doença para reduzir estigmas, informar-se a respeito com equipes especializadas e proporcionar um ambiente acolhedor auxiliam na redução de experiências negativas associadas à esquizofrenia.

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