Surto psicótico

Surto psicótico é definido como um estado agudo de sofrimento psicológico no qual a pessoa vivencia delírios e alucinações associados a uma desorganização significativa do pensamento e do comportamento. Em outras palavras, a pessoa se distancia da realidade, adquire condutas bizarras e se expressa com pouca ou nenhuma lógica.

Os surtos psicóticos podem ocorrer de diversas maneiras. O paciente pode ficar mais agitado, impulsivo e até mesmo agressivo consigo mesmo e com outras pessoas. O surto psicótico não é em si um diagnóstico, mas sim a manifestação de um conjunto de sintomas que fazem parte de certas categorias psiquiátricas.

Ele geralmente está vinculado à esquizofrenia, mas pode ocorrer dentro de um quadro de bipolaridade, pode ser induzido pelo uso de substâncias psicoativas, e também pode se manifestar dentro de certos transtornos de personalidade.

No surto psicótico de distanciamento da realidade, os sintomas delirantes e alucinatórios são determinantes para a compreensão do fenômeno.

As alucinações dizem respeito a mudanças sensoriais, isto é, podem-se ouvir e ver coisas que não estão presentes. Alguns exemplos recorrentes são: ouvir vozes que dialogam com a pessoa e que às vezes dão comandos perturbadores. Também é possível que sejam vistos objetos inexistentes.

Os delírios, por sua vez, são crenças ou ideias que não possuem respaldo lógico, ou seja, que não são compartilhadas por outras pessoas como familiares ou médicos.

Comumente, o delírio pode ser de grandeza, ou seja, quando a pessoa acha que possui alguma habilidade extraordinária, possui algum cargo muito importante ou é uma personalidade relevante. Experiências religiosas, como achar que está diante de Deus também costumam ser relatadas.

Além disso, o delírio também pode ser de natureza paranóica: a pessoa tem a sensação e a certeza de que está sendo perseguida, observada ou ameaçada por agentes ou figuras que querem restringir sua liberdade, prendê-la ou assassiná-la, mesmo que não haja evidências para tanto.

É importante enfatizar que dentro de um quadro psicótico, é fundamental encaminhar a pessoa para um equipamento de saúde, de forma a receber orientações adequadas ao tratamento dos sintomas a curto e médio prazo. Esquivar-se de um tratamento pode desencadear consequências negativas consideráveis, dentre as quais o risco de autolesão e suicídio estão presentes.

Principais causas do surto psicótico

 O surto psicótico é uma das fases de manifestação mais intensa dos sintomas de determinados transtornos psicóticos. De forma geral, ele está mais diretamente associado a um diagnóstico de esquizofrenia, dado que esse quadro envolve diretamente a presença de alucinações e delírios na sua fase mais intensa.

Entretanto, conforme mencionado anteriormente, é também frequente que haja a manifestação de sintomas psicóticos em outros quadros, sendo possível após o uso de substâncias psicoativas, como maconha e cocaína, dentre outras. O consumo de medicações psiquiátricas não prescritas também podem desencadear a evolução do quadro.

Já em relação ao transtorno de bipolaridade, os surtos podem ocorrer durante episódios de mania. Algumas das características da mania que estão associados a um quadro psicótico são:

  • Grandiosidade ou aumento notório da autoestima ou bem-estar;
  • Fala rápida ou desconexa com dificuldade de parar de falar;
  • A pessoa tende a ficar distraída com mais facilidade;
  • Presença de pensamentos rápidos ou inconstantes;
  • Sono desbalanceado ou menor necessidade de dormir;
  • Engajamento em atividades de risco.

Tratamentos

A ocorrência de um surto está relacionada a diversos fatores e estímulos desencadeadores. Devido à sua complexidade, fatores genéticos, fisiológicos e ambientais podem contribuir para acentuar ou reduzir os sintomas. Quanto ao estado mental, situações estressoras, histórico de traumas, abandono ou dificuldade de acesso aos equipamentos de saúde mental podem favorecer uma evolução negativa.

Em termos neurológicos, a presença excessiva do neurotransmissor dopamina em diferentes vias cerebrais estimulam a construção de um repertório de delírios e alucinações. Por essa razão, uma das principais estratégias adotadas para auxiliar no tratamento de um surto psicótico grave envolve a administração de medicamentos.

Os medicamentos antipsicóticos de segunda geração auxiliam no controle do disparo de dopamina com a consequente redução dos sintomas de delírio e alucinação. Assim, é possível haver um controle neuroquímico da fase mais aguda do surto. Entretanto, por ser um conjunto de sintomas associados a muitas doenças, é importante haver acompanhamento médico para delimitar um diagnóstico e realizar  um acompanhamento integral de forma apropriada.

Caso seja um surto oriundo de um quadro de uso de drogas, é necessária uma conduta específica. Se for um surto oriundo de um quadro de esquizofrenia, o tipo de suporte também será diferente. Em função disso, os tratamentos envolvem mais do que apenas a administração de medicamentos.

Nesse sentido, além do suporte psiquiátrico, é importante que haja outros tipos de suporte. O suporte psicológico pode auxiliar na elaboração das vivências da pessoa e na redução de comportamentos de risco, como a decisão de interromper o uso das medicações, que às vezes levam a recaídas com o retorno dos sintomas.

Por último, a presença de familiares ou membros externos também é fundamental na compreensão dos episódios de surto. Entender a dinâmica dos sintomas pode reduzir estigmas, e informar-se a respeito com equipes especializadas contribui para proporcionar um ambiente acolhedor que auxilie na redução e até mesmo extinção dos episódios.

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