Transtorno obsessivo compulsivo (TOC)
Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) é definido pela presença de padrões de comportamento e de pensamento que levam à execução de tarefas que, se não cumpridas, geram desconforto e ansiedade.
Em geral, os padrões de pensamento costumam ser irracionais e os comportamentos costumam ser praticados com muita frequência (rituais), levando a um estado de sofrimento patológico ou de prejuízo no cotidiano, nas relações e na própria qualidade de vida individual.
É importante destacar que o TOC é dividido em duas categorias: obsessão e compulsão. As obsessões dizem respeito a pensamentos intrusivos e incômodos que aparecem periodicamente, como vozes, imagens, pedidos e ideias. As compulsões, por sua vez, são referentes aos comportamentos repetitivos que devem ser cumpridos a partir de regras específicas e dos pensamentos obsessivos.
Muitas vezes, a realização do ato compulsivo tem por função extinguir a ansiedade da pessoa, mas as exigências do transtorno raramente têm conexão com a realidade, implicando em uma perda global de bem-estar em múltiplas esferas da vida da pessoa.
O TOC se manifesta a partir da interação entre diferentes mecanismos do desenvolvimento individual. Estudos apontam que fatores genéticos e a presença de outros casos da doença na família são indícios da possibilidade de manifestar sintomas do transtorno.
Apesar da comunidade científica não saber exatamente quais genes influenciam na progressão do transtorno, estudos que envolvem gêmeos monozigóticos e hereditariedade familiar apontam uma forte correlação entre a presença dos sintomas quando há outros casos da doença em membros da mesma família.
Além disso, um outro fator fundamental é o contexto ambiental, que também pode proporcionar experiências que levam ao desenvolvimento de obsessões e compulsões, como traumas, conflitos familiares, decepções amorosas e assim por diante.
Ou seja, devido à quantidade de variáveis envolvidas, as causas do TOC costumam gerar uma série de dúvidas para quem sofre. Em função disso, consultar um profissional de saúde especializado pode ajudar no tratamento e na percepção do problema.
Principais sintomas do transtorno obsessivo compulsivo
Pela variedade de comportamentos e de pensamentos atrelados ao TOC, os sintomas costumam ser variados, embora seja recorrente a presença de:
- Necessidade de manter objetos organizados de forma simétrica ou dentro de um padrão pessoal específico;
- Repetição palavras em voz baixa, contar números e fazer cálculos mentais de uma forma recorrente;
- Acúmulo de objetos;
- Rotina de limpeza ou de assepsia pessoal exageradas (por ex.: lavar as mãos repetidas vezes mesmo quando não necessário)
- Realização de tarefas de modo repetido e desnecessário (desligar o gás de cozinha, trancar a porta, fechar potes, limpar a casa, etc.)
- Grau elevado de perfeccionismo ou exatidão na hora de fazer uma tarefa, consumindo mais tempo do que necessário (separar alimentos no prato, contar objetos);
- Remoção de cabelo e fios do corpo (tricotilomania)
- Presença de crenças supersticiosas que moldam o comportamento.
Além disso, o TOC pode estar associado a distorções de imagem corporal, como ganho ou perda de peso em função de pensamentos obsessivos.
Raízes Neurológicas e tratamentos farmacológicos
O TOC é um transtorno que possui relação com circuitos de neurotransmissores do sistema nervoso central, envolvendo sobretudo a serotonina, um neurotransmissor responsável por gerar respostas de prazer e por regular inúmeras funções fisiológicas.
Por essa razão, medicações que bloqueiam a captação desse grupo de neurotransmissores favorecem a redução dos sintomas, aumentando a sensação de felicidade e reduzindo a ansiedade provocada pelos comportamentos compulsivos. Pesquisas mais recentes apontam também o glutamato como outra substância relevante nos mecanismos neurológicos do transtorno.
As medicações mais utilizadas, portanto, para o tratamento de TOC são antidepressivos, responsáveis por inibir a recaptação da serotonina.
Tratamentos terapêuticos para Transtorno obsessivo compulsivo
Por ser um transtorno com uma variedade muito extensa de sintomas, o diagnóstico de TOC deve ser feito por um profissional competente. As pesquisas indicam que a terapia cognitivo-comportamental possui uma alta taxa de sucesso nos tratamentos, isto porque mobiliza o conceito de exposure and response prevention (exposição e prevenção de resposta), isto é, busca extinguir a permanência dos comportamentos por meio da manipulação dos estímulos e das respostas individuais.
Além disso, as psicoterapias familiar e grupal também favorecem a redução dos sintomas ao mobilizar outros agentes que sofrem as consequências ou sofrem dos mesmos problemas. Por meio do compartilhamento de histórias e problemas semelhantes, favorece o surgimento de um espaço de acolhimento seguro, o que amplia as possibilidades de mitigar os sintomas.
FAQ – Perguntas frequentes
TOC é um transtorno psiquiátrico crônico marcado pela presença de padrões de comportamento e de pensamento que levam à execução de tarefas ritualizadas ou geram mal-estar por promover pensamentos intrusivos que surgem com frequência.
Os sintomas de TOC são variados, mas as classificações geralmente possuem correlação com algum dos seguintes tópicos:
• Necessidade de manter objetos organizados ou simétricos;
• Necessidade de lavar as mãos repetidas vezes;
• Comportamento de arrancar cabelo ou pêlos do corpo em situações de estresse;
• Realização de tarefas variadas com frequência, como verificar se as portas estão fechadas, se o gás está desligado, etc.
Por ser um transtorno psiquiátrico, o tratamento costuma ser eficaz quando há aliança entre a administração farmacológica para os inibidores de recaptação de serotonina e a terapia cognitivo-comportamental.
As causas do TOC são variadas, mas é importante mencionar que fatores ambientais, genéticos e de desenvolvimento são responsáveis por favorecer o surgimento e a permanência do transtorno em adultos e crianças.
As pesquisas mais recentes tentam encontrar mecanismos de localização genética que possam antever se há maior propensão de desenvolver a doença baseando-se no histórico familiar. Quanto aos fatores ambientais e de desenvolvimento, é importante se atentar para históricos de abuso, presença de traumas ou exposição frequente a situações estressantes ou que geram ansiedade, dado que tais elementos contribuem para a fixação do transtorno.
Devido à abrangência de sintomas e modos de expressão do transtorno, é importante consultar um profissional de saúde, como um psicólogo ou um psiquiatra, de modo que haja monitoramento do caso.
Pesquisas indicam que os tratamentos para TOC são mais eficazes quando há a aliança entre o tratamento farmacológico e o tratamento psicoterápico. Na terapia cognitivo-comportamental, por meio da exposição e da prevenção de respostas, é orientado que haja contato com as situações e pensamentos que agravam o TOC, para que em seguida o comportamento não seja realizado. Dessa forma, paulatinamente se obtém um controle de respostas que favorece a redução dos sintomas.
Em paralelo, o tratamento farmacológico auxilia na redução da ansiedade, sobretudo com o uso de medicamentos denominados inibidores seletivos de recaptação de serotonina. Com a administração destes fármacos, os sintomas da doença costumam ser mais brandos, embora não eliminem a necessidade de um acompanhamento psicológico e psiquiátrico.
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